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Bonecas Reborn: entre a arte e a polêmica, artesãs enfrentam preconceito e desinformação

Profissionais enfrentam preconceito e desinformação após vídeos fictícios viralizarem nas redes sociais, colocando em risco seu ganha pão.

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Boneca Reborn
Boneca reborn produzida por Júlia (Foto: Arquivo pessoal)

As bonecas reborn, conhecidas por sua aparência incrivelmente realista, têm origem na Inglaterra pós-Segunda Guerra Mundial e se consolidaram como forma de arte nos Estados Unidos na década de 1990. No Brasil, o nicho atrai cada vez mais artesãos e colecionadores. Porém, nas últimas semanas, o tema voltou aos holofotes na internet por motivos controversos: uma série de vídeos fictícios viralizou, gerando desinformação, preconceito e ataques aos profissionais que trabalham com essa arte.

Em entrevista ao Tribuna de Jundiaí, a artesã Júlia Brandão do @ateliejuliabrandao, que atua no setor e comercializa suas criações para todo o país, relatou os desafios enfrentados diante da onda de desinformação. “Está sendo bem pesado, até eu não estava conseguindo trabalhar por conta das ofensas”, desabafou.

Júlia é uma artesã conhecida pelo seu perfeccionismo (Foto: Arquivo pessoal)

Ataques virtuais e leis polêmicas: artesãos pedem respeito

Segundo Júlia, vídeos de “roleplay” — encenações feitas por criadoras de conteúdo — foram mal interpretados, e a prática artística virou alvo de zombarias e acusações sem fundamento. “Inventaram que as pessoas cuidam como se fosse bebê de verdade, e isso não é verdade”, explicou à reportagem.

Apesar de existir apenas um caso isolado registrado em Guanambi (BA), no qual uma mulher com transtornos mentais levou uma boneca reborn a uma unidade de saúde, mais de 25 projetos de lei foram protocolados em diferentes estados para proibir o atendimento de bonecos. As propostas preveem multas que podem chegar a R$ 50 mil, ainda que não existam outros registros semelhantes nas secretarias de Saúde.

O trabalho artesanal por trás de cada bebê reborn

Júlia também compartilhou com o Tribuna de Jundiaí os bastidores da criação das bonecas. O processo, segundo ela, é meticuloso e altamente técnico. Tudo começa com a aquisição de um kit, que é o molde do bebê esculpido por artistas internacionais. “Cada modelo tem um nome e vem com a expressão facial fixa. A partir daí, nós artistas fazemos todo o acabamento de pintura, montagem e finalização”, detalhou.

A pintura é feita com tintas a óleo em diversas camadas, para simular a textura e a translucidez da pele. Cada etapa é levada ao forno para fixação da tinta no vinil. Além disso, há a implantação de cabelos fio a fio, aplicação de olhos de vidro ou acrílico e a escolha de roupas específicas para compor o visual final.

Entre o afeto e a terapia: o impacto emocional das bonecas

Além do valor artístico, as bonecas reborn também possuem função afetiva e, em alguns casos, terapêutica. Júlia contou ao Tribuna de Jundiaí que já produziu bonecas baseadas em fotos de crianças, inclusive uma com síndrome de Down, encomendada por uma família em processo de luto. “Foi emocionante. A irmãzinha do bebê que faleceu queria uma boneca semelhante para matar a saudade”, relembrou.

Brincadeiras para crianças e conforto ou colecionável para adultos (Foto: Arquivo pessoal)

A neuropsicóloga Thaise Goes Carneiro também conversou com a reportagem e explicou que, se bem orientadas, essas bonecas podem ser ferramentas terapêuticas importantes. “Elas ajudam a estimular o cuidado, a memória afetiva e podem reduzir agitação em casos de Alzheimer, autismo ou luto”, afirmou.

Colecionadoras, artistas e o direito à expressão

As colecionadoras de bonecas reborn também foram alvo de críticas nas redes sociais. Muitas produzem vídeos lúdicos ou mostram suas coleções como hobby, mas foram injustamente rotuladas como pessoas que “substituem” filhos por bonecos. Júlia rebate essa visão. “É igual quem joga videogame ou abraça um ursinho. É algo que traz conforto, e não loucura”, disse em entrevista ao Tribuna de Jundiaí.

Ela também revelou temer que o preconceito afaste clientes e prejudique seu negócio, que vem crescendo ano após ano. “Cada ano que a eu tenho mais encomendas. Meu medo é que, por causa desse preconceito, as pessoas desistam de comprar”, confessou, destacando que a comercialização dos bonecos é uma das principais fonte de renda de sua família.

Arte marginalizada pelas fake news

Apaixonada por arte desde a infância, Júlia cresceu em um ambiente criativo, influenciada pelos pais. Já trabalhou com pintura e maquiagem antes de descobrir as bonecas reborn, em 2020. “Vi na internet, me encantei e não podia comprar. Então resolvi aprender a fazer”, contou ao Tribuna de Jundiaí.

Desde então, ela se especializou por meio de cursos e desenvolveu sua própria técnica. Contudo, nos últimos dias, com o aumento dos ataques virtuais, ou a sentir receio de dizer sua profissão. “Antes, as pessoas achavam lindo. Agora tenho medo de contar que faço bonecas reborn. Acham que sou doida”, lamentou.

Quando a ignorância tenta silenciar a arte

Apesar da polêmica, Júlia segue firme em sua arte. Mas deixa um alerta sobre o impacto da desinformação. “A internet tomou uma força que inventaram coisas absurdas. Tem artesã pensando em desistir. A gente está fazendo corrente de oração para ar tanta negatividade”, relatou.

A Prefeitura de Guanambi, inclusive, esclareceu que a mulher envolvida no caso citado não chegou a ser atendida com a boneca e foi encaminhada para acompanhamento psicológico — reforçando que se trata de um episódio isolado.

Enquanto isso, artistas como Júlia lutam para preservar o respeito por um trabalho que, para muitos, representa mais do que um produto. “A gente sabe que é uma boneca. Mas isso não impede de ser terapêutico, bonito e significativo”, finalizou.

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